No decorrer das últimas décadas, o mundo transformou-se e a importância do papel das mulheres tem conquistado um grande destaque na sociedade e nas empresas. No entanto, há ainda um longo caminho a percorrer.
A igualdade entre mulheres e homens representa um princípio de cidadania consagrado em diversos documentos nacionais e internacionais, tais como, na Carta das Nações Unidas de 1945 e na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Este direito está, de igual forma, inscrito em várias convenções da Organização Internacional do Trabalho e na legislação fundadora da União Europeia, designadamente desde o Tratado de Roma de 1957.
Os progressos no contexto do reconhecimento do estatuto social de cada mulher, em igualdade com o universo masculino dependem, essencialmente, da consciência feminina, dos seus direitos e, posteriormente, da luta empenhada de todos para se alcançar estes objectivos. Depende também das características de cada país e da "vontade política" dos governos. A premissa principal deverá assentar na promoção de igualdade entre ambos os sexos.
Mercado de trabalho: direito a salários justos
Embora as mentalidades estejam a evoluir, as gerações mais jovens do sexo feminino, não são ainda imunes aos estereótipos, às dificuldades e às discriminações no domínio da esfera pública e das políticas de empregabilidade feminina. Os motivos são diversos. Em primeiro lugar, a desigualdade salarial. Em comparação aos vencimentos dos colegas homens, as mulheres não auferem os mesmos valores, isto é, ganham menos do que têm direito (gap salarial). Adicionalmente, a valorização e a progressão de carreira representam também desafios, uma vez que a maternidade é considerada um entrave relativamente aos cargos de liderança, sendo um direito digno e igual para as mulheres.
Processo de tomada de decisões no núcleo familiar
Em paralelo à questão laboral, ainda persistem diferenças em relação ao papel da mulher no lar, fruto de uma educação tradicional e conservadora. O homem desempenha o papel de provedor da família, ao passo que a mulher fica ainda encarregue das tarefas domésticas e cuidado às crianças. Em pleno século XXI, a maioria das mulheres, ainda que sejam profissionalmente activas, acarretam incessantemente enormes responsabilidades quer ao nível do trabalho doméstico, quer na prestação de cuidados na família, resultando em inúmeras dificuldades de conciliação entre estas duas esferas.
Por conseguinte, perante estas dinâmicas, as sociedades contemporâneas têm de apresentar novas soluções. A luta histórica dos direitos das mulheres em várias áreas não pode, nem deve, ser tomada como feito adquirido. O género, sabemos, ultrapassa a questão da paridade entre os dois sexos. Nas palavras da escritora, Simone de Beauvoir: "Enquanto o homem e a mulher não se reconhecerem como semelhantes, enquanto não se respeitarem como pessoas em que, do ponto de vista social, político e económico, não há a menor diferença, os seres humanos estarão condenados a não verem o que têm de melhor: a sua liberdade."